quarta-feira, 27 de agosto de 2008

juventude conservadora

Em recente perfil publicado no Jornal Folha de São Paulo, o jovem brasileiro é descrito como "conservador", que reproduz acriticamente idéias e valores recebidos das gerações anteriores.Segue um dos artigos deste perfil.
Mini adultos
JOVENS TÊM AS MESMAS OPINIÕES QUE O
RESTO DA POPULAÇÃO EM RELAÇÃO A TEMAS
POLÊMICOS
[por André Lobato, colaboração para a Folha]
O jovem brasileiro de hoje dá mais valor a religião, estudo,
trabalho e família do que há dez anos e pensa de forma muito
parecida com o restante da população sobre a
descriminalização da maconha, a redução da maioridade
penal, a pena de morte e a lei do aborto.
Para especialistas, ele tem poucos conflitos com a geração
anterior, gosta de se divertir e se preocupa com a inserção
social pelo trabalho. Ana Paula Oliveira, 22, diz que a família
é a coisa mais importante de sua vida; depois, o trabalho, que
paga sua faculdade. É madrugada em uma rave em
Guapimirim (RJ) e ela dança segurando uma bandeira do
Brasil. Como 72% da juventude brasileira, ela acha que a
maconha não deveria ser descriminalizada.
A poucos metros dela, Jennifer, 21, mãe de um bebê de um
ano, diz-se a favor da manutenção da lei do aborto. Ela acha,
porém, que sua amiga Suelen Crisostomo, 20, não deveria ser
presa caso recorra ao método. Para Suelen, a lei deveria ser
revista: "É decisão de cada um".
Danielle, 24, diz já ter usado várias drogas e, por "saber o
mal que fazem", é contra a descriminalização de todas, com
exceção da maconha, que parou de fumar por ter ficado
"viciada".
Universitários, Guilherme Souza, 22, e Bruno dos Santos, 25,
discordam quanto à redução da maioridade penal. Guilherme
é "totalmente a favor", embora não saiba qual seria a idade
ideal. Bruno acha "um absurdo", pois "não resolve".
Longe da rave, em São Paulo, Fernanda Lima, 18, é contra a
descriminalização do aborto e a pena de morte e a favor da
redução da maioridade penal. Ela faz curso de produção
cultural na Cufa (Central Única das Favelas). "Esse mundo já
está muito perdido, muita liberação vai acabar estragando",
acredita.

Politizados
Apesar de ter opinião semelhante ao restante da população
sobre temas polêmicos, a juventude brasileira é mais
escolarizada e politizada. Quase metade (47%) dela diz
acompanhar o noticiário político e 37% se diz de direita,
contra 28% de esquerda.
O jovem Marcus Vinícius Santos, 20, afirma que é de direita
e que ser de esquerda é ser "do contra". Ele se diz
politicamente ativo e considera Lula um ídolo.
Segundo Gustavo Ventura, cientista político da USP
(Universidade de São Paulo), a população brasileira é
"tradicionalmente conservadora" e com pouco histórico de
associativismo. Ele afirma que a "juventude está buscando
novas formas de organização" e que os movimentos culturais
são uma opção.
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Disponível em:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/especial/fj2707200814.htm

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